sábado, 3 de fevereiro de 2007

O Crivo do Zé

Tratarei hoje de uma questão, para alguns de extrema importância, para outros nem tanto, do que vem a ser um comportamento de macho.

No meu círculo de antigos colegas de faculdade, firmou-se como o paradigma desse campo o chamado crivo do Zé. Esse nosso colega, o Zé, faz questão de desempenhar o papel de machão, com uma distinção e um aprumo que, de longe, transcendem o gênero cafajeste, mas sem deixar dúvidas quanto à absoluta firmeza de convicções. Graças a tal fortaleza de propósitos, o Zé tornou-se, dentro de nosso círculo, o árbitro da macheza, tal qual Petrônio, que pontificava em Roma como árbitro da elegância.

Daí o conceito do crivo: uma peneira fina, ou filtro, que só permite passar material acima de determinado padrão de qualidade; ou seja, passar no crivo do Zé significa atender aos critérios de macheza estipulados pelo Zé. Aliás, no início, o Zé não gostava muito do termo; crivo é um objeto cheio de orifícios, o que foi suficiente para despertar a desconfiança do Zé. Mas tranqüilizou-se quando ponderamos que, se é um bom crivo, os orifícios são extremamente apertados, e só permitem a passagem em uma direção. O Zé por enquanto aceita a explicação, ressalvando-se o direito de melhor juízo posterior. Posterior não, futuro.

Ora, dirão alguns: Essa preocupação toda...ê...sei não...

Realmente, eis aí um ponto espinhoso da teoria machística, que pode ser formulado como o Primeiro Paradoxo da Macheza:

Falar sobre machos não é coisa de macho.

Evita-se a recursividade insolúvel abrindo-se uma exceção para quem toca no assunto ou nele penetra por razões profissionais e científicas. Mais ou menos como fazem os urologistas.

Enveredando pelos aspectos científicos, o Zé formulou a Primeira Lei da Machística:

Macho repele macho na razão direta de suas machezas, e na razão inversa do quadrado da distância.

Isto é, todo macho que é macho cerca-se de um campo de macheza que repele os demais machos, até que todos atinjam prudente distância que possa ser considerada como configuração de equilíbrio.

Mas é errado dizer que o macho repele os machos adjacentes, pois macho nunca deixa outra macho chegar às adjacências. Se deixou, já não passou no Crivo.

A Primeira Lei da Machística foi aplicada pelo Zé quando, certa vez, lhe propus a seguinte provocação:

-- José, considere o caso dos Enviados de Asmodeu (vide A Grande Fênix: basileu.hereweb.com). Nessa corporação guerreira, todo mundo anda como macho, fala como macho, malha como macho, enfim, exala testosterona pura: entretanto, gostam de outros machos (segundo eles, exatamente porque são machos demais para gostar de mulher). Como é que fica? Eles passam no Crivo?

Sabiamente, o Zé enunciou a Primeira Lei, para em seguida chegar a seu corolário, o Segundo Paradoxo da Macheza:

Onde todo mundo é macho, ninguém é macho.

Por isso é que, ao contrário de certo outro estado, aqui em Minas metade é macho e metade é fêmea, e todo mundo achando bão.

Em sua persona orkutiana, o Zé adotou como avatar a figura do gato acima. Naturalmente, logo apareceram os engraçadinhos com piadinhas sobre o rabo levantado do gato etc. O Zé esclarece: trata-se apenas de uma alegoria, pois ele, como bom Macho, detesta animais de estimação. O ponto importante da figura é que o gato não só desfila diante de cem cachorros, como ainda pisa no xixi deles, para mostrar que marcação de território, para o macho, é a mesma coisa que merda nenhuma.

2 comentários:

Babs disse...

Nossa, ser macho deve ser muito difícil... Só o Zé mesmo...

Zé do Crivo disse...

Bárbara, se fosse fácil, não haveria tão poucos Machos, tanta gente querendo ser, e eu não teria meu mercado de Árbitro da Macheza.
Mas, para mim, é muito fácil. Faço Macheza como Mozart fazia Música.