domingo, 18 de fevereiro de 2007

Pergunte ao Zé – III


O Macho é formado desde a mais tenra idade. Para isso, é indispensável que os pais do futuro Macho esclareçam bem todas as dúvidas com o famoso Árbitro da Macheza.

P.: O Zé aprova sexo anal?

Zé: Sendo com mulher, vale todo. Certos sujeitos, que têm nojo disto ou daquilo, não passam no Crivo.

P.: Macho pode varrer o chão, lavar louça, passar o rodo etc.?

Zé: Macho não tem frescuras. Sendo necessário, ele faz. Principalmente passar o rodo.

P.: O Macho está em extinção?

Zé: A International Union for Conservation of Nature and Natural Resources chegou a propor a inclusão dos machos na lista de espécies ameaçadas. Mas, consultado, rejeitei a idéia. Macho sabe se defender, e, além disso, ninguém ameaça o Macho.

O que ocorre é um fenômeno natural, pelo qual os eco-sistemas se adaptam para preservar o Lebensraum natural do Macho, ou seja, o raio da Campo de Macheza dentro do qual a Primeira Lei da Machística não permite a permanência de outros Machos.

Em certos animais inferiores, a superpopulação de machos faz com que alguns mudem de sexo, restabelecendo-se assim o equilíbrio ecológico. Dada a complexidade anatômica e fisiológica do ser humano, tal solução não é possível, pelo menos de forma natural; ela é substituída, então, pela mudança de orientação sexual. O que leva à Segunda Lei da Machística, que tem certa analogia com a Segunda Lei da Termodinâmica:

Em uma população fechada, a macheza nunca aumenta.

Em outros termos, dada a tendência homotrópica do Universo, o Macho tem que estar sempre atento para não ser arrastado, pautando-se pela aplicação quotidiana dos princípios codificados no Crivo do Zé. O preço da macheza é a eterna vigilância.

P. O que o Zé faz quando um gay estende a mão para cumprimentá-lo?

Zé: Cumprimento. Não sou homófobo, e sei que a homossexualidade não é contagiosa. Mas, se por um absurdo fosse, ninguém mais imunizado do que eu mesmo. Aliás, pela Primeira Lei da Machística, o que é penoso para mim é cumprimentar outro Macho. Só cumprimento mesmo porque sei que ninguém mais atingiu a Macheza Absoluta.

P. Macho come comida japonesa com pauzinho?

Zé: Comida japonesa é bem BRL, e comê-la sem perder a macheza é um desafio do qual poucos se saem bem. BRL é um gíria do tempo do Basileu: bichinha rango leve. Refere-se àqueles rapazes que perguntam ao garçom o que ele tem de ranguim bem levim.

Mas macho consegue comer qualquer coisa bem comida, se quiser. No caso da japonesa, é preciso, literalmente, usar a orientação correta (girar noventa graus). Quanto ao alimento propriamente dito, no mínimo, tem-se que usar muito wasabi. Quanto aos pauzinhos, basta chamá-los de hashi e segurá-los feito lutador de sumo. Não esquecer de fazer os ruídos que, no Japão, demonstram boa apreciação culinária.

Agora, fazer judo, com aquela agarração de homem, acho que aí não tem jeito. Melhor fazer karate, que dá porrada de longe, preservando a Primeira Lei da Machística.

P.: Você concorre com o Vida Longa?

Zé: Não. O negócio dele é um, o meu é outro. Ferramentas razoavelmente similares, utilização diferente.

P.: Não é esquisito que o gato de sua foto ande de rabo levantado?

Zé: Quem não deve, não teme.

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