quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Mais Pensamentos do Trinador

O Trinador anda misteriosamente desaparecido do Orkut; talvez, quem sabe, tenha assumido (!) a forma de fake mais discreto, até passar a marola. Resultado, no caso, do confesso envolvimento dele com o roubo de algumas comunidades do mesmo Orkut. Para que essa trêfega iniciativa desagradou ao chefe dele nas hostes nazistas, um gentleman que atende pelo nome de Pesadelo. Esse senhor já andou manifestando a preocupação de que a associação da imagem do grupo com vulgares gatunos do ciberespaço venha prejudicar o bom nome nazista. É de se imaginar que tenha ordenado a nosso personagem uma temporada de silencioso obsequioso, como fazem os Papas com teólogos que extrapolam os limites da ortodoxia.

Portanto, enquanto isso, vamos reprisando alguns antigos sucessos do Inominável. A bem da autenticidade, todos os erros de português são mantidos.

Por exemplo, disse o Trinador sobre o chamado casamento gay:

Uma vez aprovado a união civíl homossexual, não demorará para a "militância" começar a pleitear o casamento gay na Igreja, coisa que considero inaceitável, pois vai contra todas as ideologias cristãs.

A tese acima é um exemplo da Teoria do Dominó: hoje os gays querem a união civil, portanto amanhã vão querer o casamento religioso, depois vão querer ser padres, bispos, papas...

Mas, esperem aí! Isso eles já conseguiram!!!

O caso mais famoso é o do Papa Júlio III, grande patrono das artes na Renascença, que nomeou cardeal a um seu protegido, um adolescente de rua de dezessete anos, chamado Innocenzo Ciocchi Del Monte. Vejam que vida exemplar a desse príncipe da Igreja Católica:

http://en.wikipedia.org/wiki/Innocenzo_Ciocchi_Del_Monte

Sempre atento aos meandros da política, o Trinador não deixa de associar os avanços gays aos avanços comunistas. Comunista, como se sabe, é qualquer um que tenha a mais remota associação com idéias ou posturas tidas como de esquerda. Por exemplo, diz ele sobre o presidente Lula:

LULA QUER HOMOSSEXUALIZAR O PAÍS

Vejam a que ponto chega a esquerda liberal, usando da bandeira do feminismo até a militância gay brasileira para se reeleger:

(segue um link para uma bobagem qualquer)

Eu pergunto: no saudoso tempo dos nossos valorosos oficiais generais, esse tipo de coisa aconteceria? Deixem suas opiniões.

Lula quer homossexualizar o país? Será que ele é adepto da teoria do Zé, segundo a qual, quanto mais gays, melhor para os machos que sobrarem?

Quanto aos generais, quem se lembra daquele tempo sabe que havia alguns muito falados... Inclusive um, cujos olhos verdes sonhadores contrastavam com a expressão feroz, que escrevia sonetos líricos com o pseudônimo de Adelita, e assim chegou à Academia, onde repousou das lides marciais para o resto da vida, tomando o tradicional chá dos Imortais...

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Pergunte ao Zé – III


O Macho é formado desde a mais tenra idade. Para isso, é indispensável que os pais do futuro Macho esclareçam bem todas as dúvidas com o famoso Árbitro da Macheza.

P.: O Zé aprova sexo anal?

Zé: Sendo com mulher, vale todo. Certos sujeitos, que têm nojo disto ou daquilo, não passam no Crivo.

P.: Macho pode varrer o chão, lavar louça, passar o rodo etc.?

Zé: Macho não tem frescuras. Sendo necessário, ele faz. Principalmente passar o rodo.

P.: O Macho está em extinção?

Zé: A International Union for Conservation of Nature and Natural Resources chegou a propor a inclusão dos machos na lista de espécies ameaçadas. Mas, consultado, rejeitei a idéia. Macho sabe se defender, e, além disso, ninguém ameaça o Macho.

O que ocorre é um fenômeno natural, pelo qual os eco-sistemas se adaptam para preservar o Lebensraum natural do Macho, ou seja, o raio da Campo de Macheza dentro do qual a Primeira Lei da Machística não permite a permanência de outros Machos.

Em certos animais inferiores, a superpopulação de machos faz com que alguns mudem de sexo, restabelecendo-se assim o equilíbrio ecológico. Dada a complexidade anatômica e fisiológica do ser humano, tal solução não é possível, pelo menos de forma natural; ela é substituída, então, pela mudança de orientação sexual. O que leva à Segunda Lei da Machística, que tem certa analogia com a Segunda Lei da Termodinâmica:

Em uma população fechada, a macheza nunca aumenta.

Em outros termos, dada a tendência homotrópica do Universo, o Macho tem que estar sempre atento para não ser arrastado, pautando-se pela aplicação quotidiana dos princípios codificados no Crivo do Zé. O preço da macheza é a eterna vigilância.

P. O que o Zé faz quando um gay estende a mão para cumprimentá-lo?

Zé: Cumprimento. Não sou homófobo, e sei que a homossexualidade não é contagiosa. Mas, se por um absurdo fosse, ninguém mais imunizado do que eu mesmo. Aliás, pela Primeira Lei da Machística, o que é penoso para mim é cumprimentar outro Macho. Só cumprimento mesmo porque sei que ninguém mais atingiu a Macheza Absoluta.

P. Macho come comida japonesa com pauzinho?

Zé: Comida japonesa é bem BRL, e comê-la sem perder a macheza é um desafio do qual poucos se saem bem. BRL é um gíria do tempo do Basileu: bichinha rango leve. Refere-se àqueles rapazes que perguntam ao garçom o que ele tem de ranguim bem levim.

Mas macho consegue comer qualquer coisa bem comida, se quiser. No caso da japonesa, é preciso, literalmente, usar a orientação correta (girar noventa graus). Quanto ao alimento propriamente dito, no mínimo, tem-se que usar muito wasabi. Quanto aos pauzinhos, basta chamá-los de hashi e segurá-los feito lutador de sumo. Não esquecer de fazer os ruídos que, no Japão, demonstram boa apreciação culinária.

Agora, fazer judo, com aquela agarração de homem, acho que aí não tem jeito. Melhor fazer karate, que dá porrada de longe, preservando a Primeira Lei da Machística.

P.: Você concorre com o Vida Longa?

Zé: Não. O negócio dele é um, o meu é outro. Ferramentas razoavelmente similares, utilização diferente.

P.: Não é esquisito que o gato de sua foto ande de rabo levantado?

Zé: Quem não deve, não teme.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Pergunte ao Zé – II

Aqui, o Zé continua respondendo às perguntas dos consulentes. Com isso, espera o nosso guru da Macheza evitar mal-entendidos como os da figura cima, que são evidentes, mesmo para quem não sabe holandês.

P.: Nossa... um macho de verdade é quase mítico... é realmente possível tornar-se um Macho?

Zé: Poucos machos conseguem atingir o estado de Macheza Absoluta, semelhante à Iluminação. Com certeza mesmo, só o Zé (às vezes uso a terceira pessoa para maior ênfase, mas não me confundam com o Vida Longa).

P.: O Macho pega sabonete quando cai?

Zé: Pega, quando ele toma banho sozinho. Se está acompanhado, geralmente a mulher faz questão de apanhar para ele, já pensando no que vai rolar... Obviamente, Macho só toma banho acompanhado se for exclusivamente de mulher(es).

P.: Macho pode ter cabelo comprido?

Zé: Pode, é claro. Afinal, os homens das cavernas tinham. E Macho faz do cabelo o que bem entender.

P.: E brinco? Piratas tinham...

Zé: Hmm... piratas eram uma espécie de marinheiros. E marinheiros, como se sabe, têm aquela barrica...

P.: Cabelo grande pode, mas o Macho pode prendê-lo em um rabo?

Zé: Quanto ao rabo, alguns defendem, alegando que é prático. Mas não aprovo, pois aí o sujeito tem que ficar ajeitando o rabo, escovando o rabo, mexendo no rabo...

P.: Macho que é macho toma cerveja Caracu?

Zé: Sem problemas, já que é forte e amarga. Já a parceria Caracu, ele dispensa.

P.: Macho come ovo?

Zé: Frito, com bastante manteiga, para mostrar que não acredita em colesterol. Já cozido, não, pela mesma razão por que não come banana.

P.: Macho viaja para lugares como o Canadá?

Zé: Canadá, Bagdá, etc., sem problemas, pois ele não tem nada a ver com isso. Se existisse um lugar chamado Machodá, ele não iria.


sábado, 10 de fevereiro de 2007

A Dieta do Macho

Freqüentemente, candidatos a macho preocupados com a forma física e com a evolução abdominal consultam o Zé sobre se existe uma Dieta do Macho. O Zé fica um pouco irritado com esse tipo de perguntas, pois ele garante que a testosterona inerente ao exercício permanente da Macheza é suficiente para garantir a forma física. Além disso, segundo o Zé:

1. Dieta, por si só, já não seria coisa de macho.

2. Macho come o que lhe der da telha (ou quem, desde que do sexo feminino).

3. Colocar esse tipo de regras no papel é facilitar a vida dos falso machos.

Mas existe uma espécie de jurisprudência, compilada a partir da observação do comportamento do Macho Padrão, ou seja, o próprio Zé. Tem-se que observar bem disfarçadamente, pois observar macho não é coisa de macho. Por exemplo:

1. Macho não come coisinhas light, tipo BRL. Não só fica meio estapafúrdia a cena do macho a degustar tais acepipes delicados, mas eles não oferecem a sustança alimentar necessária ao exercício da Macheza.

2. Macho não come doce, com raríssimas exceções. Mesmo sendo capaz de consumir-lhes as calorias sem problemas, o macho não se permite o desfrute de prazeres inocentes, mais apropriados para crianças e damas. As raras exceções são doces de chocolate amargo com bebida alcoólica, a título de sobremesa em ocasiões de grandes festas, pois, afinal, macho sempre tem muito que comemorar.

3. Macho não toma refrigerante, ou mesmo bebidas alcoólicas doces. A bebida mais doce que o macho toma é Campari, mesmo assim reforçado com vodca.

4. Macho não saboreia vegetais de duplo sentido. Ficaria ridículo um macho roendo uma cenoura, à la Pernalonga (que, como se sabe, volta e meia se traveste). Pior se for um nabo japonês (que, por algum estranho motivo, é o maior de todos). E, se o vegetal, for pequenininho, não alivia nada. Para comer um cornichon estilo Davi, por exemplo, a posição da mão é simplesmente ridícula. E, além de tudo, se o macho for visto com um desses vegetais na mão, ainda vão correr boatos.

5. Macho não come carnes pré-moídas, como almôndegas ou quibe, ou excessivamente cozidas, pois macho tem dentes é para mastigar.

6. Macho não toma chá; muito menos, se for de jasmim ou floral. Toma café forte e amargo, pois não se sabe o que é menos macho, se o açúcar ou o adoçante. Mas chimarrão, apesar de amargo e muito quente (o cachorro tem gritar quando se cospe nele), não é aceitável, por motivos óbvios (que não vou detalhar para não criar briga com os gaúchos).

Mas sobrepõe-se a tudo a Meta-regra alimentar:

O Macho que é macho pode, a qualquer momento, suspender temporariamente qualquer das regras, pois Macho faz o que quer e não dá satisfação a ninguém (exceto ao Zé).

Em suma, como já foi dito acima, Macho come de tudo, exceto aquilo que não é comida de Macho. A definição é recursiva, mas o Macho não. Recursividade é auto-felação, e Macho não pratica esse nem qualquer outro tipo de masturbação.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Pergunte ao Zé – I

Muitas pessoas têm dificuldade em entender o que realmente é um Macho. Confusões com os conceitos de Machão e Machista são freqüentes. Para ajudar o público a não confundir alhos com bugalhos e coisas ainda piores, o Zé se dispôs a ajudar os xenoetólogos a compilar um guia prático, na forma de perguntas e respostas.

P.: Zé, é fácil ser macho?

Zé: Se fosse fácil ser Macho, não haveria tão poucos Machos, tanta gente querendo ser, e eu não seria um Árbitro da Macheza. Mas, para mim, é muito fácil. Faço Macheza como Mozart fazia Música.

P.: Zé, saldo conta?

Zé: Não. Se tomou um único gol contra, na vida toda, então é. Aliás, se passa pela cabeça de um homem essa dúvida, é porque já era.

P.: Eu estava vendo ontem a lista de conferencistas de um congresso de informática, e havia um da empresa Macho y Asociados. Será um discípulo do Zé?

Zé: Não. Macho não tem associados. Se ainda fosse Macho y Subordinados...

P.: Por falar em Informática, essa área tem muitos gays.

Zé: Tem. O que é uma boa notícia: é a presença de tantos gays que garante a existência de espaço vital para os machos, aplicando-se a Primeira Lei da Machística. A diversidade de orientações é essencial para evitar a superpopulação de machos, que resultaria em destruição da macheza.

P.: Existem imitadores de machos?

Zé: Sim. Mas só os que passam no Crivo são legítimos, e só esses entrarão.

P.: Entrarão onde?

Zé: Entrarão, ponto.

P.: Você pode dar um exemplo de falsos machos?

Zé: Um caso conhecido é o notório Carlos Massaranduba. Esse cidadão, como se sabe, tenta competir com o Zé pontificando sobre critérios de macheza, mas seu currículo apresenta vários furos (!) comprometedores. A começar, pela união estável que mantinha com o Montanha. Depois, os hábitos de comer tigelinhas de açaí, aquela coisa viscosa, roxinha e doce, e de malhar em academias de saradões.

P.: Então, macho não malha?

Zé: Macho não precisa de malhação nem de dietas especiais; o nível natural de testosterona e o exercício quotidiano da macheza são suficientes para garantir-lhe a boa forma física. E o Massaranduba ainda tinha aquela história de ficar andando por aí com o feroz Saddam, claro sinal de insegurança, incompatível com a verdadeira macheza.

P.: Macho não anda com cães ferozes?

Zé: Macho não só não precisa de passear com pit-bulls, como é impossível segurar uma corda de cachorro sem que a mão adote posição comprometedora. Levar um molosso para fazer número um e número dois, então, é de um ridículo atroz. E se o cachorro for manso, desses que andam soltos, pentelhando os outros, tipo poodle, é pior ainda.

P.: O Zé passa no crivo do Zé?

Zé: Isso é a mesma coisa que perguntar se a velocidade da luz no vácuo é mesmo de 299.792.458 m/s, ou se a a temperatura do ponto triplo da água é de 273,16°K. Essas grandezas têm esses valores pela própria definição, respectivamente, do metro e do grau Kelvin, que fazem parte do Sistema Internacional de Unidades, regulamentado pelo Bureau International des Poids et Mesures (pronunciar corretamente, mas sem fazer boquinha de francês). Esse mesmo Sistema reconhece o Zé como referência padrão de macheza, não sendo o Crivo mais que um instrumento prático de aferição.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

O Crivo do Zé

Tratarei hoje de uma questão, para alguns de extrema importância, para outros nem tanto, do que vem a ser um comportamento de macho.

No meu círculo de antigos colegas de faculdade, firmou-se como o paradigma desse campo o chamado crivo do Zé. Esse nosso colega, o Zé, faz questão de desempenhar o papel de machão, com uma distinção e um aprumo que, de longe, transcendem o gênero cafajeste, mas sem deixar dúvidas quanto à absoluta firmeza de convicções. Graças a tal fortaleza de propósitos, o Zé tornou-se, dentro de nosso círculo, o árbitro da macheza, tal qual Petrônio, que pontificava em Roma como árbitro da elegância.

Daí o conceito do crivo: uma peneira fina, ou filtro, que só permite passar material acima de determinado padrão de qualidade; ou seja, passar no crivo do Zé significa atender aos critérios de macheza estipulados pelo Zé. Aliás, no início, o Zé não gostava muito do termo; crivo é um objeto cheio de orifícios, o que foi suficiente para despertar a desconfiança do Zé. Mas tranqüilizou-se quando ponderamos que, se é um bom crivo, os orifícios são extremamente apertados, e só permitem a passagem em uma direção. O Zé por enquanto aceita a explicação, ressalvando-se o direito de melhor juízo posterior. Posterior não, futuro.

Ora, dirão alguns: Essa preocupação toda...ê...sei não...

Realmente, eis aí um ponto espinhoso da teoria machística, que pode ser formulado como o Primeiro Paradoxo da Macheza:

Falar sobre machos não é coisa de macho.

Evita-se a recursividade insolúvel abrindo-se uma exceção para quem toca no assunto ou nele penetra por razões profissionais e científicas. Mais ou menos como fazem os urologistas.

Enveredando pelos aspectos científicos, o Zé formulou a Primeira Lei da Machística:

Macho repele macho na razão direta de suas machezas, e na razão inversa do quadrado da distância.

Isto é, todo macho que é macho cerca-se de um campo de macheza que repele os demais machos, até que todos atinjam prudente distância que possa ser considerada como configuração de equilíbrio.

Mas é errado dizer que o macho repele os machos adjacentes, pois macho nunca deixa outra macho chegar às adjacências. Se deixou, já não passou no Crivo.

A Primeira Lei da Machística foi aplicada pelo Zé quando, certa vez, lhe propus a seguinte provocação:

-- José, considere o caso dos Enviados de Asmodeu (vide A Grande Fênix: basileu.hereweb.com). Nessa corporação guerreira, todo mundo anda como macho, fala como macho, malha como macho, enfim, exala testosterona pura: entretanto, gostam de outros machos (segundo eles, exatamente porque são machos demais para gostar de mulher). Como é que fica? Eles passam no Crivo?

Sabiamente, o Zé enunciou a Primeira Lei, para em seguida chegar a seu corolário, o Segundo Paradoxo da Macheza:

Onde todo mundo é macho, ninguém é macho.

Por isso é que, ao contrário de certo outro estado, aqui em Minas metade é macho e metade é fêmea, e todo mundo achando bão.

Em sua persona orkutiana, o Zé adotou como avatar a figura do gato acima. Naturalmente, logo apareceram os engraçadinhos com piadinhas sobre o rabo levantado do gato etc. O Zé esclarece: trata-se apenas de uma alegoria, pois ele, como bom Macho, detesta animais de estimação. O ponto importante da figura é que o gato não só desfila diante de cem cachorros, como ainda pisa no xixi deles, para mostrar que marcação de território, para o macho, é a mesma coisa que merda nenhuma.