terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Ex nihilo magnum prandium

Ex nihilo magnum prandium significa Do nada, faz-se magnífica refeição, ou, em linguajar menos formal, Do nada, pinta um puta rango. Os pratos aqui descritos são, de fato, algumas vezes preparados a partir de restinhos, ou, pelo menos, de preparo sem maiores complicações.

Peixes ligeiramente asiáticos

(participação de Margarita Probatou)

Entrada: Salada de kani com mangas

200g de kani-kama

1 manga

100g de creme de leite

2 colheres de sopa de coalhada

2 colheres de sopa de maionese

1 colher de chá de mostarda de ervas finas

1 colher de chá de mel (de preferência, daqueles que vêm com favo)

Picar o kani-kama e a manga em pedacinhos, e misturá-los. Misturar os demais ingredientes, formando um molho cremoso, que será espalhado por cima. Decorar com rodelas de pepino.

Prato principal: Linguado ao perfume tailandês

850g de filé de linguado

1 limão

1 pitada de sal

Alguns talos de capim cidreira

Algumas folhas de limoeiro

Algumas folhas de manjericão

Alguns pedaços de galangal

1 cubo de caldo de peixe

200ml de leite de coco

1 colher de chá de cúrcuma

Limpar os filés de linguado, retirando as aparas laterais. Em 200ml de água, ferver uma infusão com o capim cidreira (o talo branco, não as folhas), as folhas de limoeiro e manjericão e os pedaços de galangal (tempero asiático, parente do gengibre; pode ser aproximado por uma mistura de maçã seca com um pouco de gengibre). Ferver um pouco as aparas nessa infusão. Coar e dilui no caldo o cubo de caldo de peixe e a cúrcuma. Juntar o leite de coco. Temperar o linguado com o limão e um pouco de sal (lembrando que o caldo de peixe já tem sal). Arrumar numa travessa, cobrir com o caldo e levar ao forno de micro-ondas na potência 7 por 10 minutos (neste caso, o micro-ondas funciona melhor que o forno convencional ou o cozimento na panela, por manter a integridade dos pedaços de linguado, que se desmancham facilmente).

Acompanhamento: Arroz de castanhas

Arroz branco cozido

Alho em pedaços

Castanhas de caju trituradas grosseiramente

Azeite de oliva

Fritar no azeite o alho e as castanhas. Refogar o arroz nesse azeite.

Sobremesa e vinhos

Uma compota de pêssegos com chantilly dá um bom fechamento a esta refeição. Como vinho, recomenda-se um Chardonnay para acompanhar a entrada e o prato principal, e uma tacinha de Moscato para a sobremesa.

domingo, 28 de janeiro de 2007

O Livro Rosa dos Pensamentos do Trinador

Inicio aqui a divulgação da preciosa coleção de pérolas de sabedoria proferidas pela figura conhecida, entre muitos outros nomes, como O Trinador. Na realidade, não se sabe se essa figura realmente existe, ou se foi concebida pela imaginação de um escritor genial mas ligeiramente maluco, que se diverte a provocar meio mundo com as ofensas mais descabidas e desprovidas de causa ou fundamento. No mundo orkutiano, o chamador Trinador usa miríades de personalidades, de mulheres bonitas a criminosos de guerra nazistas, de um homossexual desvairado chamado Lilica, a senhores profundamente circunspectos e moralistas. Mas existe um núcleo central de personalidades que usa o nome principal de Doutrinador, e cognomes variados, como O Senhor Feudal, O Cavaleiro Medieval, ou O Bispo da Inquisição.

Ora, atribui-se ao cavalheiro em questão a afirmação: Sou aquele que traz a Dor para os Inimigos, mas Trina para os amigos; de resto, Dou para todo mundo. Trinar, no caso, refere-se ao treinamento que é ministrado aos garotos principiantes em certa organização católica de extrema direita, pela qual aprendem a modular as sonoridades anais, produzindo um trinado semelhante ao dos pássaros. Dizem que os líderes dessa organização gostam de ouvir, embevecidos, a hinos sacros entoados pelos jovens iniciados nessa espécie inusitada de canto a capella.

O Trinador contabiliza legiões de desafetos por suas campanhas de ódio, que geralmente o levam a ser expulso de todas as comunidades do Orkut, exceto as dele mesmo e de seus companheiros de ideologia (muitos dos quais, na realidade, também são ele mesmo). Seus alvos prediletos são os homossexuais, os ateus e os comunistas (termo que, no jargão trinatório, inclui qualquer pessoa que tenha a mais remota simpatia por alguma idéia tida como de esquerda). Mas odeia também mulheres em geral, agnósticos, protestantes, judeus, muçulmanos, espíritas, esotéricos, católicos progressistas ou moderados, liberais de esquerda, de centro ou de direita, intelectuais, artistas, cientistas, negros, índios, nordestinos, portugueses, americanos, portadores de HIV e portadores de piolhos, entre outros grupos de que não me lembro no momento.

Curiosamente, seu comportamento exibe muitos traços egodistônicos, ou seja, como definem os psiquiatras:

Diz-se Egodistônico para os aspectos do pensamento, dos impulsos, atitudes, comportamentos e sentimentos que contrariam e perturbam a própria pessoa; é o oposto ao egosintônico. Por exemplo: a pessoa é homossexual, porém, discorda desse jeito dela própria ser.

É costume reunir os aforismos dos grandes pensadores em opúsculos identificados por uma cor característica. Assim, os pensamentos do Presidente Mao foram reunidos em seu famosíssimo Livro Vermelho dos Pensamentos do Presidente Mao, de coloração evocativa dos movimentos revolucionários comunistas. As ruminações do Aiatolá Khomeini (ou atribuídas a ele, talvez por inimigos) foram reunidas no Livro Verde dos Pensamentos do Aiatolá, que tem a cor simbólica do Islã. Os úteis conselhos do Professor Johann Sebastian Freiermund sobre a prática da Boca Livre, em sua versão resumida para uso de executivos, foram coletados no Livro Dourado dos Pensamentos do Professor Freiermund, onde a cor dourada lembra a riqueza (real ou imaginária) dos patrocinadores de grandes regabofes.

E aqui teremos o prazer de reunir as melhores pérolas do famoso (não tanto quanto ele gostaria) e folclórico propagandista do ódio no Livro Rosa dos Pensamentos do Trinador. Move esta iniciativa não apenas o interesse xenoetológico, mas a sincera vontade de ajudar a sair do armário a quem precisa.

Só para dar uma amostra do que vem por aí, encerro esta apresentação com a abalizada opinião do Trinador sobre Sigmund Freud:

Com certeza essa bicha do Freud usava calcinha de renda!!!

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Pérolas do Orkut

Desde os primórdios da comunidade orkutiana Comportamentos Inusitados colecionei pérolas publicadas em outras comunidades. Claro que o Orkut é um filão perlífero de fabulosa riqueza, e essa coleção representa apenas um modesto apanhado. Modesto, mas, ouso dizer, representativo do estágio cultural de nossa Sociedade da Informação.

Boa parte das contribuições veio da comuna Grande Mistério da Humanidade, pelo simples fato de ser lá um local que eu freqüentava para destilar meu veneno cético. Outros participantes da Comportamentos Inusitados também fizeram suas contribuições para a preservação da memória perolada.

Adotarei o seguinte formato: as citações serão transcritas em vermelho, ipsis literis, limitando-me a usar do negrito para destacar trechos mais interessantes. Após a citação, virá o devido comentário xenoetológico.

Por exemplo, a pérola número um da coleção foi postada em um tópico que discutia se houve incesto entre os filhos de Adão e Eva. Assim dizia:

Conceito de surgimento da família na terra não tem nada ave com os filho se relacionar com sua mãe ate porque isto erra imoral para o filho que se relacionasse com a mulher de seu pai sendo ela mãe ou não.
A ciência nos mostra que todos os judeus e árabe são irmão isto não podemos fugir porque cada pessoa do sexo masculino pedia para pai sua filha em casamento ou seja sua própria irmã. Mais isto tinha sua explicações era para perpetuar a existência da humanidade.
Com o passar dos tempos Deus mesmo proibiu este tipo de atitude por isso os árabes e judeu tem o mesmo gêneses.

Como se vê, o perolista explicou não só a questão do incesto, como as remotas raízes da atual problemática do Oriente Médio.

Outra interessante foi esta:

Segundo informações de "alguns contatos" estamos em zona de perigo mesmo, como o tópico abaixo diz.
Estamos muito afastados do "centro" do universo, estamos como se fosse na borda, isso explica pq estamos em uma zona de risco, onde a perigo constantes de meteoros se chocarem com a Terra, e tb explica pq ainda nao temos conhecimento de outras formas de vida (devido a distancia).
O Buraco Negro esta sugando tudo que esta a sua volta, oq esta fazendo algumas especies procurarem "refugio" em planetas muito afastados como o nosso.
Mais ainda são poucos, muito poucos que temos conhecimento, se observarem bem o avistamento de ovnis e casos relacionados a isso esta almentando a cada ano, quem sabe um dia nao teremos conhecimento do que tem la em cima.

Portanto, trata simultaneamente de vários dos tópicos mais populares dessa comunidade, como buracos negros, centro do universo, OVNIs, catástrofes cósmicas…

sábado, 20 de janeiro de 2007

Boas vindas

Este blog se destina à difusão da Xenoetologia, a nova e já famosa Ciência que estuda os comportamentos inusitados. Repito aqui, à guisa de apresentação minha e de minha ciência, o que escrevi em A Grande Fênix:

Meu nome é Basileu. Para ser completo, Basileu Xilóforo, cientista. Se o prezado leitor estranha meu nome, trata-se de nome grego de boa estirpe. Esclareço também que minha ciência é a xenoetologia. Se esta também o surpreende, pense bem: quem nunca consultou um otorrinolaringologista? Ciências de nomes exóticos existem muitas. Sabe o leitor, por exemplo, o que é pedologia? Consulte o dicionário; não é o que está pensando.

Vamos às explicações, por partes. Xilóforo significa portador de madeira. Meus antepassados formavam, na Grécia antiga, uma venerável ordem filosófica. Distinguiam-se pelos longos cajados que portavam em suas caminhadas pelos caminhos dos montes e vales gregos. O líder do clã era chamado de basileu, ou seja, rei. Tinha por apanágio usar o maior e mais imponente de todos os cajados.

Depois de contar a odisséia de como meu avô Pitágoras Xilóforo veio da longínqua Grécia para este torrão, explico:

O velho Pitágoras decidiu meu destino. Reconheceu em mim o feitio dos antigos sábios xilóforos; se por presciência dos bem vividos, ou por muito amor de avô, não se sabe. Fez com que me chamassem de Basileu, como os grandes do clã. E pôs-me na cabeça o gosto pela especulação científica e filosófica, principalmente quanto aos temas mais herméticos.

Ora, nada mais hermético que a psique humana. Dediquei-me, pois, às ciências humanas, chegando finalmente à que é a mais humana de todas as ciências: a xenoetologia. Deriva o nome desta de “xenos”, o estrangeiro, ou estranho; “ethos”, o comportamento; e “logos”, o discurso ou ciência. Portanto, a ciência dos comportamentos inusitados.

Doutorei-me em xenoetologia comparada pela Sorbonne, na Paris dos tumultuados anos sessenta. Resolvido a explorar os aspectos mais transdisciplinares da xenoetologia, passei em pós-doutoramentos pelas veneráveis universidades de Heidelberg, Pádua, Oxford, Salamanca e Coimbra. Nelas tive o prazer de trabalhar com eminentes luminares de vários ramos do saber...

E, para quem não sabe o que é A Grande Fênix, trata-se do relato de estranhíssima aventura que vivi, na busca da Verdade Xenoetológica. Que, a rigor, não existe, mas isso será tema de outros tópicos. Para quem ainda não A Grande Fênix, ela está disponível em http://basileu.hereweb.com. Boa leitura.