domingo, 28 de janeiro de 2007

O Livro Rosa dos Pensamentos do Trinador

Inicio aqui a divulgação da preciosa coleção de pérolas de sabedoria proferidas pela figura conhecida, entre muitos outros nomes, como O Trinador. Na realidade, não se sabe se essa figura realmente existe, ou se foi concebida pela imaginação de um escritor genial mas ligeiramente maluco, que se diverte a provocar meio mundo com as ofensas mais descabidas e desprovidas de causa ou fundamento. No mundo orkutiano, o chamador Trinador usa miríades de personalidades, de mulheres bonitas a criminosos de guerra nazistas, de um homossexual desvairado chamado Lilica, a senhores profundamente circunspectos e moralistas. Mas existe um núcleo central de personalidades que usa o nome principal de Doutrinador, e cognomes variados, como O Senhor Feudal, O Cavaleiro Medieval, ou O Bispo da Inquisição.

Ora, atribui-se ao cavalheiro em questão a afirmação: Sou aquele que traz a Dor para os Inimigos, mas Trina para os amigos; de resto, Dou para todo mundo. Trinar, no caso, refere-se ao treinamento que é ministrado aos garotos principiantes em certa organização católica de extrema direita, pela qual aprendem a modular as sonoridades anais, produzindo um trinado semelhante ao dos pássaros. Dizem que os líderes dessa organização gostam de ouvir, embevecidos, a hinos sacros entoados pelos jovens iniciados nessa espécie inusitada de canto a capella.

O Trinador contabiliza legiões de desafetos por suas campanhas de ódio, que geralmente o levam a ser expulso de todas as comunidades do Orkut, exceto as dele mesmo e de seus companheiros de ideologia (muitos dos quais, na realidade, também são ele mesmo). Seus alvos prediletos são os homossexuais, os ateus e os comunistas (termo que, no jargão trinatório, inclui qualquer pessoa que tenha a mais remota simpatia por alguma idéia tida como de esquerda). Mas odeia também mulheres em geral, agnósticos, protestantes, judeus, muçulmanos, espíritas, esotéricos, católicos progressistas ou moderados, liberais de esquerda, de centro ou de direita, intelectuais, artistas, cientistas, negros, índios, nordestinos, portugueses, americanos, portadores de HIV e portadores de piolhos, entre outros grupos de que não me lembro no momento.

Curiosamente, seu comportamento exibe muitos traços egodistônicos, ou seja, como definem os psiquiatras:

Diz-se Egodistônico para os aspectos do pensamento, dos impulsos, atitudes, comportamentos e sentimentos que contrariam e perturbam a própria pessoa; é o oposto ao egosintônico. Por exemplo: a pessoa é homossexual, porém, discorda desse jeito dela própria ser.

É costume reunir os aforismos dos grandes pensadores em opúsculos identificados por uma cor característica. Assim, os pensamentos do Presidente Mao foram reunidos em seu famosíssimo Livro Vermelho dos Pensamentos do Presidente Mao, de coloração evocativa dos movimentos revolucionários comunistas. As ruminações do Aiatolá Khomeini (ou atribuídas a ele, talvez por inimigos) foram reunidas no Livro Verde dos Pensamentos do Aiatolá, que tem a cor simbólica do Islã. Os úteis conselhos do Professor Johann Sebastian Freiermund sobre a prática da Boca Livre, em sua versão resumida para uso de executivos, foram coletados no Livro Dourado dos Pensamentos do Professor Freiermund, onde a cor dourada lembra a riqueza (real ou imaginária) dos patrocinadores de grandes regabofes.

E aqui teremos o prazer de reunir as melhores pérolas do famoso (não tanto quanto ele gostaria) e folclórico propagandista do ódio no Livro Rosa dos Pensamentos do Trinador. Move esta iniciativa não apenas o interesse xenoetológico, mas a sincera vontade de ajudar a sair do armário a quem precisa.

Só para dar uma amostra do que vem por aí, encerro esta apresentação com a abalizada opinião do Trinador sobre Sigmund Freud:

Com certeza essa bicha do Freud usava calcinha de renda!!!

Um comentário:

Babs disse...

Trinador já está se tornando alguém maior que ele próprio, praticamente um arquétipo!
Professor Basileu, excelente lembrança! Já que é para estudar o inusitado nada melhor que o Trinador!
Quanto a frase de Freud, sempre me pergunto de onde o cara tira essas certezas... Muito entrega...