domingo, 6 de setembro de 2009

Pergunte ao Zé – V


P.: Como ganha a vida um Consultor de Macheza?

Zé: Como qualquer consultor: vendendo informação e orientação a quem precisa.

P.: Quem procura um Consultor de Macheza?

Zé: Quem tem dúvidas de qualquer natureza. Não sobre como ser macho, pois aí já não adianta, mas sobre como se comportar à altura. Por exemplo, vê que o operário da foto está precisando de aconselhamento.

P.: Como diferenciar um comportamento de macho de outro que não é de macho?

Zé: Se fosse fácil distinguir Machos de Não-machos, não haveria necessidades de Consultores de Macheza. Para ser Macho stricto sensu, é necessário ser homem e hétero, mas está longe de ser suficiente. Como em toda área tecnicamente consolidada, é preciso comparar os pretensos atributos do candidato a Macho com um Macho Referencial, dotado de Macheza Absoluta. Sobre quem seria este, a modéstia recomenda que eu me abstenha de manifestar. E só os Consultores de Macheza podem comparar machos, pois, como já disse, o fazem em caráter estritamente científico e profissional, como os urologistas.

P.: Zé, quantos Machos são necessários para trocar uma lâmpada?

Zé: Nenhum. Macho não tem medo de escuro.

P.: Tipo Chuck Norris? O escuro é que tem medo do macho?

Zé: Não. Chuck Norris não passa no Crivo. Muito espalhafatoso. Sinal de insegurança.

P.: Propaganda eleitoral é coisa de macho?

Zé: Não. Macho escolhe um candidato, vota nele e não enche o saco dos outros. Pois, se o outro for uma mulher, é falta de cavalheirismo. Se for um homem e for outro macho, pode dar briga, e, macho ou não, com homem o Macho não quer encompridar conversa.

P.: O que o Zé acha do metrossexualismo?

Zé: Conversa atravessada. Fica parecendo que o sujeito nem é macho o suficiente para assumir que é gay.

P.: Peraí, Zé. “Macho o suficiente pra assumir que é gay” soou muito não-macho!

Zé: Simples. Existe a macheza relativa. Por exemplo, um gay assumido é mais macho que um enrustido. Relativamente, é claro; nenhum dos dois no Crivo do Zé. E Macho Absolutamente Absoluto, só o Zé.

P.: O que acha da música Macho Man, do Village People?

Zé: Dançar essa música não é coisa de Macho. Aliás, dançar música nenhuma, como bem demonstrou o personagem de Kevin Kline, em Será que ele é?. O Macho deve ser capaz de ouvir impassivelmente a música mais rebolativa, sem sentir a menor comichão de rebolar também. Mesmo que não chegue a rebolar, se sentiu a menor vontade, já era. Não importa que ninguém tenha visto, e que ninguém mais saiba. Você sabe.

E notem que isso é independente da polêmica sobre se os caras do Village People são gays ou não são. Eles querem parecer gays, tanto que adotaram o nome de um bairro de grande população entendida. Mas dizem as más línguas que, na verdade, não são. Problema deles. No Crivo do Zé, não passam.

P.: O Macho é homofóbico, anti-feminista ou reacionário?

Zé: O Macho dá todo apoio aos movimentos feministas e homossexuais. Quanto mais mulheres independentes e liberadas, melhor, pois há mais oferta. Quanto mais gays, melhor, pois há menos demanda. E o Macho detesta reacionários. Quase todos são enrustidos, mas esse nem é o maior problema deles. É serem reaças, mesmo.

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