domingo, 12 de julho de 2009

Sexo ao redor do mundo - I

Um em cada 25 britânicos cria filho bastardo sem saber

Segundo a BBCBrasil, uma pesquisa da Universidade John Moores, de Liverpool, estimou que um entre cada 25 pais britânicos está criando um filho que não é seu sem saber. A pesquisa foi possível por causa dos 20 mil testes anuais de DNA que vêm sendo realizados na Grã-Bretanha, para determinar a paternidade das crianças.

Após analisar os dados disponíveis, o estudo chegou à conclusão que, em média, 4% dos pais britânicos estão criando filhos que não são seus. Entre as possíveis razões, estariam o aumento da gravidez em adolescentes, a infidelidade e pessoas que têm abertamente mais de um parceiro; ; o próprio aumento dos testes estaria revelando uma realidade pouco conhecida.

O motivo inicial da pesquisa foi que alguns papais ingleses começaram a reclamar que os filhotes não abriam os olhos. Aí os cientistas perceberam que os vizinhos eram orientais...

Mas, é como dizia Shakespeare:

He that ears my land spares my team, and gives me leave to in the crop: if I be his cuckold, he's my drudge: he that comforts my wife is the cherisher of my flesh and blood; he that cherishes my flesh and blood loves my flesh and blood; he that loves my flesh and blood is my friend; ergo, he that kisses my wife is my friend.

Esse trecho de Shakespeare é da comédia All’s well that ends well (Tudo fica bem quando acaba bem). Usa alguns termos arcaicos, e para reproduzir-lhe o sabor, talvez fosse preciso traduzi-lo para um português barroco. Mas arrisco uma tradução aproximada:

Quem semeia minha terra poupa meus animais, e me deixa a colheita; se eu sou corno dele, ele é meu serviçal; aquele que conforta minha mulher gosta de minha carne e meu sangue; aquele que gosta de minha carne e meu sangue ama minha carne e meu sangue; aquele que ama minha carne e meu sangue é meu amigo; portanto, aquele que beija minha mulher é meu amigo.

Quem sabe uma dupla goiana não põe uma musiquinha, e temos aí um Hino do Corno? Nota-se também nessa fala, além da mansidão cornífera, uma certa insinuação para o lado do Ricardão, que é consistente com outra fama dos ingleses... Apesar de pintado por Hollywood como um ladies’ man, o velho Will tinha reputação de ter outras tendências... Não é à toa que os melhores sonetos do Bardo são dedicados a um tal de Mr. W.H.!

Por falar nisso, uma leitora lembra que o rei Ricardo Coração de Leão, o mais famoso dos Ricardos ingleses, tinha fala semelhante. A leitora especula, dada a tradição de macheza bárbara de celtas e saxões, se tais preferências não resultariam da colonização romana.

Talvez. O fato é que a República Romana era bastante homofóbica, e uma acusação de homossexualidade podia arruinar a carreira de um político. Com o Império, as coisas começaram a mudar. Inicialmente, aos poucos. No caso de Júlio César e Otaviano Augusto, por exemplo, esse lado não era assumido; havia maledicências de inimigos políticos sobre os dois, inclusive sobre os dois. Houve grandes escândalos envolvendo alguns imperadores mais degenerados, como Tibério, notório pedófilo, ou Nero, que mandou transformar em mulher um soldado, para se casar com ele. Mas, quando o grande e sábio Adriano reinstituiu os costumes gregos e erigiu por todo o Império estátuas de seu adorado Antínoo, aí liberou geral. Como essa transição romana coincidiu com os tempos da ocupação da Bretanha, é possível que tenha influenciado o modo de ser dos ingleses.

Mas isso não quer dizer que celtas e saxões fossem imunes ao chamado amor entre iguais, apenas por serem bárbaros ferozes, sujos e suarentos, ou pelo menos assim pintados pelos romanos. Afinal, é puro preconceito achar que todo gay é efeminado. Alguns são muito machos, como os Enviados de Asmodeu, e como é fama de certo estado do sul brasileiro. Ricardo Coração de Leão tinha esse apelido exatamente pela coragem e bravura. Aliás, ele é um dos líderes de quem os Enviados sentem mais saudade.

Pensem naquele monte de guerreiros belicosos, há muito tempo longe de casa, com testosterona a mil. Quando conquistavam algum território, havia as mulheres do inimigo para estuprar; mas, e nos intervalos, como é que ficava?

Tanto é assim, que o auge da glória céltica foi a corte do rei Artur, em Camelot. Embora geralmente considerados assunto de lenda, minhas fontes nos Enviados me informam que, segundo a tradição deles, os Cavaleiros da Távola Redonda eram da Companhia. E que o triângulo Artur-Guinevere-Lancelot era fechado em todos os lados. Mais ou menos o que parece propor o personagem de Shakespeare...

Portugueses assam o maior pão com lingüiça do mundo

Meu prezado Manuel Rui Pontes me manda esta contribuição que, segundo ele, não chega a ser propriamente um comportamento sexual inusitado, mas tem alguma relação.

Uma equipe de seis padeiros de Viseu entrou neste domingo no Guinness Book of Records, ao fazer um pão com lingüiça de quase um quilômetro de comprimento e cerca de oito toneladas de peso. A façanha teve momentos emocionantes, pois numa das manhãs os padeiros ficaram sem energia elétrica, e tiveram problemas com o molinete que ajudava a levantar o pão, quando este já estava com 600 metros.

Mas, ao fim e ao cabo, o pão permaneceu inteiro, e a produtividade atingiu 12 e 13 metros de pão por hora. Segundo a fiscal que representava o Guinness, it was very good.

Para mim, a parte mais sexual dessa história é o very good da senhora do Guinness. Posso até visualizar a expressão facial bem britânica. Se essa história for filmada, sugiro Helen Mirren para o papel. Tem tudo a ver com a personagem dela em O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante.

Ainda sobre os costumes sexuais em Portugal, uma leitura pergunta se a tradição do bacalhau tem alguma conotação sexual. Talvez relacionada com uma suposta impopularidade das práticas depilatórias, que também teria a ver com aquela história do casalzinho virgem, lá no interior lusitano. Diz-se que, pela manhã, ao ver a noivinha levantar os braços e espreguiçar, o noivinho exclamou: Ai Jesus! Mais duas!

Sobre bacalhaus e capilosidades, Manuel Rui Pontes comenta o seguinte:

Portugal não difere do resto da Europa na apreciação do faisandé. Onde crês que os franceses se inspiram (talvez literalmente) para os queijos deles?

Quanto a tua historieta, talvez ainda possa passar-se em um algum recanto de Trás-os-Montes ou do Alentejo. Mas cá em Lisboa há muito se adota a moda depilatória axilar, inventada em 1915 pela indústria americana de lâminas de barbear. Mesmo as conas andam a ser desmatadas, por influência brasileira. Não me refiro à Amazônia, é claro, mas aos fatos de banho cavados.


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