domingo, 28 de dezembro de 2008

Tragédia eqüestre

Um homem de 40 anos morreu ao ser sodomizado por um cavalo em um sítio freqüentado por zoófilos, em Enumclaw, não longe de Seattle, Estado de Washington. “Do médico legista ao comissário, passando pelos investigadores, ninguém jamais viu algo remotamente parecido com isto”, disse o chefe da Polícia. A vítima sofreu graves lesões internas e seu corpo foi deixado por desconhecidos em um hospital de Seattle. As investigações revelaram que o sítio era especializado em zoofilia e oferecia cavalos, pôneis, cabras, ovelhas e cães, tudo anunciado na Web. Em suma, uma espécie de prostíbulo animal.

O Código Penal do Estado de Washington não considerava ilegal a zoofilia (que eu saiba, nem o brasileiro), mas, depois do incidente, o estado acabou aprovando uma lei que criminaliza tanto as relações sexuais com animais quando a filmagem delas. Sim, porque, conforme se descobriu posteriormente, a vítima fazia parte de um grupo de zoófilos que filmava suas atividades, e esses vídeos, naturalmente, acabavam chegando à Internet.

Segundo uma de minhas fontes na Companhia dos Enviados de Asmodeu, trata-se de um exemplo de hybris. Este conceito, nas tragédias gregas, designa a arrogância de quem quer superar os deuses, e atrai a vingança destes. Essa fonte, que reside em São Francisco, sede mundial daquela notável corporação mercenária, conhecia a vítima do trágico acidente. Diz ele que o pobre coitado (!!!) tinha a fantasia de se tornar mãe de um centauro. Seja como for, o caso ilustra o perigo do enrustimento: a vítima morreu porque demorou a procurar auxílio médico, temeroso de perder um emprego bem remunerado em conhecido fabricante de aviões.

Anteriormente, segundo minha fonte, a vítima tinha tentado se candidatar a uma vaga de guerreiro na Companhia. Ora, como sabem os que já leram A Grande Fênix, os Enviados são uma corporação de mercenários de elite. Para manter o adestramento, eles às vezes adotam procedimentos incômodos ou dolorosos. Por exemplo, corre o rumor de que eles ocasionalmente utilizam certos métodos de asseio corporal adotados em um estado do Sul do Brasil, baseados no uso de ponta de faca. Mas faz também parte do treinamento militar deles uma sólida formação em análise e prevenção de riscos. Assim, logo perceberam que o aspirante que não havia captado bem o espírito da coisa, estando apenas interessado nos aspectos mais masoquistas do treinamento asmodaico.

Posteriormente, um cúmplice foi localizado pela polícia, e se declarou culpado. Admitiu que tinha invadido propriedade privada para ajudar o amigo a perpetrar o ato, manejando uma filmadora com que registrou o evento. Essa parte da invasão de propriedade por entrar num estábulo sem permissão (de quem?) ficou um tanto forçada, mas foi o que resultou do acordo: o amigo foi apenas condenado a um ano de prisão, com suspensão da sentença, a uma multa de US$ 300 e a oito horas de trabalho comunitário. A promotoria desistiu de apresentar acusações de crueldade contra animais, porque o cavalo não se feriu.

E resta o principal mistério: como eles conseguiram convencer o cavalo? Segundo uma sugestão de uma leitora, pode-se ter criado um clima, com um torrãozinho de açúcar, música ambiente (a Cavalgada das Valquírias e outras composições eqüestres), uma dose (cavalar) de uísque White Horse, e uma sessãozinha de cinema com algum filme como O Encantador de Cavalos (Equus não, de jeito nenhum).

E, por falar em filme, a história toda também acabou gerando o filme Zoo, indicado para a premiação no Sundance Festival de 2007. Segundo a sinopse do IMDB: A look at the life of a Seattle man who died as a result of an unusual encounter with a horse.

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