Discussões sobre sexo costumam despertar grande interesse. Atualmente, uma das discussões mais candentes na comunidade xenoetológica é sobre a questão de qual é o mais inusitado dos comportamentos sexuais. Segundo a Seita da Grande Fênix, é a assexualidade. Para eles, isso é coisa de ameba.
Outros discordam, citando o caso da zoofilia, e até da fitofilia. Como disse uma de minhas estudantes: eu gostaria de citar o costume peculiar e comum em regiões isoladas, ou seja, na roça, de se entreter com animais como cabras e galinhas, e todo tipo de fauna da zona agrícola... E não posso deixar de citar também que as vezes este hábito se estende ao reino vegetal inclusive, visto os contumazes ataques a incautas bananeiras em regiões de alta concentração masculina... Isto, para mim, é que é comportamento inusitado...
Essas investidas sexuais nos reinos animal e vegetal podem ser consideradas casos particulares do pansexualismo, para o qual todo o Universo é fair game, ou, em português coloquial, ’tá valendo. Pergunto-me como fica o reino mineral, do ponto de vista pansexual. É verdade que a maioria dos objetos deste reino não tem textura ou consistência viável para tais práticas. Naturalmente, existe a exceção dos artefatos tecnológicos, como é o caso dos implementos sexuais (vibradores, bonecas infláveis etc.). Na comunidade xenoetológica, continua sendo objeto de debate a questão: devem os usuários de tais artefatos serem considerados pansexuais ou monossexuais (isto é, masturbadores)?
A propósito do papel da tecnologia na sexualidade, meu colega Metódio Prudente, que é do ramo, elaborou arguto comentário sobre o pansexualismo virtual: Por que ser um chauvinista do mundo real? O pansexual moderno que se preze deve incluir o mundo virtual, com suas possibilidades infinitas (literalmente). Não é por acaso que a pornografia é uma das maiores áreas de comércio eletrônico (senão a maior). É interessante também notar que a convergência tecnológica entre os implementos sexuais e a virtualidade já permite que parceiros façam sexo à distância, usando trajes apropriados que transmitem seus movimentos para implementos usados pelo parceiro remoto. É a tecnologia teledildônica, um exemplo notável de realidade aumentada.
Bem, eu entendo que o sexo virtual antecede a Era da Informática. O sexo por telefone existe há décadas, proporcionando um ganha-pão extra a tantas recatadas donas de casa, sem que precisem sair do recesso de seu lar.
Mais ainda, o sexo virtual é pré-tecnológico. Um dos casos mais interessantes é o do Pensador. Esse personagem, ao que consta, se apresentava em cabarés parisienses, no início do século passado. Aparecia no palco completamente nu, e assumia a pose da escultura homônima de Rodin. Aos poucos, absolutamente imóvel, ia conseguindo uma ereção. Permanecia nesse estado por alguns minutos, e finalmente ejaculava. É um exemplo impressionante do Poder do Pensamento Positivo.
2 comentários:
Como engenheiro de software, considero extremamente importante o uso da melhor taxonomia possível, para a classificação consistente dos conceitos e o conseqüente bom entendimento dos problemas. Proponho, portanto, a adoção do termo tecnossexual para os que fazem sexo com artefatos técnicos, e do termo cibersexual para os usuários dos recursos virtuais.
Apóio tua ênfase na importância da taxonomia, ó Metódio, e venho propor-vos um problema taxonômico. Estava outro dia com os camaradas em uma tasca da Alfama, a petiscar uns caracóis, tomar uns finos e discutir lérias. Depois de umas quantas, perguntou alguém o seguinte:
-Se um gajo fizer sexo com seu próprio clone, estará a dar ao hidráulico, ou será paneleiro?
Ora pois, não é preciso ser biólogo como o Cacciagermi, para saber que masturbação não é, e que, sendo o clone do mesmo sexo, certamente tal proceder se caracteriza como gay. Mas veio-me outra dúvida: será, no caso, um gay incestuoso? Quer-me parecer que o conceito de incesto não é preciso o suficiente para dirimir a importante questão.
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