Teeth, filme premiado no Sundance Festival, conta a história de uma garota que encarna um dos mitos masculinos mais temidos: a Vagina dentata. Como se percebe no trailer, a garota, se por um lado está bem defendida contra os estupradores, por outro lado não consegue a iniciação sexual quando gostaria, por razões... incisivas. Na foto abaixo, é difícil de saber se ela está com medo do dirty old man ao lado, ou com pena dele.
O tema teve também papel importante no filme brasileiro O Homem Que Desafiou o Diabo. No filme, passado no sertão nordestino, o pacato caixeiro-viajante José Araújo, depois de ser obrigado a se casar com a filha de um turco de armazém, torna-se uma espécie de escravo do sogro e da mulher, e um dia percebe que tinha virado a piada da cidade. Dá uma coça no sogro, umas palmadas na mulher, e se transforma no cabra-da-peste Ojuara, derrubador de homens e bichos e grão-comedor dos sertões. Em uma de suas aventuras, encontra a Mãe de Pantanha, bruxa que oferece aos homens duas noites de prazer: na primeira, ela materializa a mulher dos sonhos eróticos do freguês; a segunda é com ela mesma.
Considerando-se o que é exibido na foto, todos os candidatos aceitam. Mas ela tem um segredo. Ocorre que Ojuara caíra nas boas graças de Lombroso, corcunda assistente da bruxa, e ele revela o segredo, brandindo obscenamente uma dentadura, e Ojuara pode tomar suas precauções. Não achei essa cena no Youtube, mas, em compensação, lá está outra cena relacionada com o tema.
http://www.youtube.com/watch?v=vha2KnsTcoQ
Genifer, quenguinha que é a heroína romântica do filme, desempata uma disputa entre Ojuara e outro pretendente, arrancando um prego que eles tinham pregado na porrada. E essa não tem dentes, apenas habilidades iguais ou superiores às da tailandesa que fazia parceria com o Vida Longa nos palcos europeus dos anos trinta, jogando beisebol. Para quem não conhece, essa história é contada na Lenda do Vida Longa, no capítulo Paris, primeiras décadas do Século XX.
Pois bem.
Na África do Sul, país de alto índice de estupros, a inventora Sonette Ehlers desenvolveu uma camisinha feminina especial. Ela não evita o estupro em si, mas, na hora de sair é como se o estuprador tivesse colocado uma camisinha forrada de couro de porco-espinho. Não lhe resta senão correr para o hospital e submeter-se a uma cirurgia talvez mais complicada e dolorosa que a do candiru (para quem não sabe o que é, eu conto em outra oportunidade).
A camisinha recebeu o nome de Rapex-aXe (pronuncia-se rapex, e significa algo como machado de estupro). Comprovando o poder do mito, bastou uma única demonstração pública feita pela inventora, para que a cidade dela ficasse três meses sem um único estupro. Segundo a polícia local, os candidatos a estuprador ficaram com medo de que a inventora tivesse distribuído alguns exemplares às mulheres da platéia.